Entrevista a Fábio Vieira.

BG:Para quem não conhece quem é o Fábio Vieira?

FV:Um apaixonado pela Vida e por todas as experiências que ela me tem proporcionado. Ao longo destes anos tive a sorte de ter os Melhores perto de mim, o melhor Pai e a melhor Mãe, os melhores Amigos, onde tu estás incluído e os melhores Mestres pelas diferentes áreas profissionais por onde tenho passado. Sou o verdadeiro Amigo, para quem merece a minha amizade. Sou honesto, frontal e sincero. Não tolero hipocrisias, nem falsidades. Gosto de estar rodeado daqueles que me são queridos, de sair para tomar um copo, de conhecer novas pessoas, de viajar, ir ao cinema, gosto de Eric Clapton, de fazer desporto, gosto muito do mar. Enfim, gosto da máxima «Viver no Limite» e é esse o meu lema de Vida. Por isso quero sempre mais, quero ser dos primeiros e combater no pelotão da frente, de trabalhar e tomar decisões no «fio da navalha». Isso faz-me sentir vivo e útil.

Gosto de amar e ser amado!

BG:A sua carreira profissional está dividida em dois ramos distintos. Porque optou por isso? Tenciona continuar a fazê-lo?

FV:Estava ainda a frequentar o Curso de Licenciatura em Enfermagem e já desempenhava funções na equipa de futsal da ADCBairros, portanto antes de concluir o curso já estava ligado ao desporto. Com a conclusão do curso de Enfermagem, surgiu a oportunidade de fazer estágio de integração à vida profissional na área de cuidados intensivos e com isso consegui 3 meses de estágio no Hospital de Santo António. O meu desempenho foi bom, a nota ainda melhor e passados 10 dias de ter terminado o curso comecei lá a trabalhar. Até ao momento tenho sido bem sucedido. Fui mantendo a minha actividade na ADCBairros, mesmo passando a viver no Porto. Às segundas e quintas-feiras vinha de propósito do Porto aos treinos, muitas das vezes fazia o regresso à Invicta no próprio dia. Muitas foram as vezes que saía directo do trabalho para os jogos de sábado. Comecei a sentir necessidade de investir na área da Reabilitação e cumpridos quase 3 anos de exercício profissional entro para o Curso de Pós-especialização em Enfermagem de Reabilitação, que concluí com êxito no passado dia 4. No decorrer do segundo semestre do curso surge a oportunidade de integrar a Equipa Médica do Futebol Clube do Porto Basquetebol, oportunidade que esperava há algum tempo mas que só se tornou possível depois de iniciar a especialidade. Mantenho portanto funções na área da Medicina Intensiva e na área do desporto. Optei por isso porque o decorrer da minha vida profissional assim o ditou. Tenciono dedicar-me integralmente à área da Reabilitação em traumatologia do desporto, quando me sentir capaz. Necessito por isso de continuar a investir na minha formação no sentido reunir o maior número de conhecimentos. O próximo desafio está para breve.

BG:O Fábio Vieira foi mais importante para o Bairros do que o Bairros foi para o Fábio Vieira?

FV:O Bairros não foi, é importante para mim. Como será para todos aqueles que se dedicam a trabalhar sem pensar receber nada em troco. Foi no Bairros que iniciei a minha carreira como Enfermeiro do Desporto e terei sempre na memória todos os atletas com quem trabalhei e continuo a trabalhar, todas as lesões que, com maior ou menor sucesso, recuperamos em conjunto. Eles têm sido o meu instrumento de trabalho. A forma singular como cada um vive o momento da lesão e os dias que se seguem são, sem sombra de dúvida, experiências muito enriquecedoras. A todos os atletas o meu muito obrigado pelo que me ensinam e pela compreensão demonstrada quando eu não sabia o que fazer. Obrigado também pelos momentos fantásticos que me proporcionam, pelo companheirismo e camaradagem.

É claro que o Bairros é extremamente importante para mim, não fossem o meu Pai, a minha Mãe, os meus avós Júlio e Arlindo e o meu padrinho Costinha, 5 dos 11 fundadores da actual ADCBairros conforme Escritura efectuada em 11 de Junho de 1984. Ano em que nasci.

Quanto ao facto de eu ser importante para o Bairros, será uma questão ser colocada aos dirigentes, técnicos e atletas com quem trabalho. Sobre esse assunto quero dizer apenas que fico muito grato com os telefonemas que ultimamente tenho recebido de alguns atletas a reclamar a minha presença, porque, segundo um deles: «o pessoal sente a tua falta!» Sabe sempre bem ouvir isto.

BG:Quais as pessoas com quem mais gostou de trabalhar na ADCBairros?

FV:É impossível particularizar nalguns nomes a satisfação que tenho sentido em trabalhar no Bairros. Cada direcção imprime o dinamismo que entende e que os seus membros oferecem. É obvio que os que me colocam mais desafios são aqueles que ao mesmo tempo mais prazer me proporcionam no trabalho que faço. O Bairros tem tido bons dirigentes, que dão o máximo para dignificar o nome da freguesia nas diferentes vertentes, não só desportiva mas também cultural. Lembro: noites bairristas com todas as colectividades reunidas; ciclismo e atletismo com os melhores a nível nacional, ainda guardo a medalha do Cândido Barbosa e do José Regalo em casa; torneios de pesca e sueca que reuniam pais e filhos em competição saudável; participação nos jogos desportivos em todas as modalidades, até uma equipa de basquetebol já tivemos; torneios de futebol entre as freguesias, onde eu me mostrei como jogador e agora mais recentemente o futsal. O Bairros vale pela sua história e por todos os que para ela contribuem. Nós agora estamos a fazer história.

BG:Como descreve a experiência que esta a viver no FCPorto?

FV:Fantástica. Como já disse esperava por esta oportunidade há algum tempo. Mas só depois de integrar o curso de Reabilitação é que se tornou possível. Trabalhar no clube de que se é adepto incondicional é uma sensação única, quando esse clube é o Futebol Clube do Porto, colosso Nacional e Europeu, que é o mesmo que dizer dos melhores do Mundo, a coisa torna outras proporções. Pela dimensão do clube as exigências também são outras, a adaptação foi relativamente fácil e neste momento sinto-me perfeitamente integrado e no bom caminho. Completo uma equipa de 7 pessoas, da qual fazem parte mais 1 médico e 5 fisioterapeutas. Tenho a meu cargo determinados escalões embora a equipa seja dinâmica e todos os seus constituintes colaborem entre si. Tenho aprendido imenso com esta nova experiência, como devem imaginar. Pelo facto da exigência ser enorme e porque estou obrigado a apresentar resultados segundo determinados parâmetros vejo-me obrigado a dar mais de mim a cada dia que passa e a investir na minha formação pessoal. É aliciante e quero trabalhar para não defraudar as expectativas em mim depositadas. Que o meu trabalho se traduza em vitórias e que essas vitórias tragam muitos títulos para o clube.

BG:Quais os objectivos profissionais a curto e longo prazo?

FV:A curto prazo pretendo consolidar o meu desempenho no FCP para merecer a renovação por mais uma época.

Os meus objectivos profissionais a longo prazo dependem dos objectivos pessoais que já tracei e espero atingir em 4/5 anos. Pretendo iniciar o curso de Osteopatia para adquirir conhecimentos nas áreas da Acupunctura, Manipulações e Hidroterapia. Estou certo que, depois da especialidade, estas áreas vão-me dar o contributo necessário para maximizar o meu desempenho na área da Reabilitação Desportiva. O meu desejo é desempenhar funções a tempo inteiro numa equipa Profissional do FCP, ganhar títulos pelo FCP e participar numa competição internacional.

BG:Recentemente criou um blog sobre reabilitação, qual a importância desse blog para os desportistas em geral?

FV:O 4Rehabilitation destina-se a todos os profissionais da área da Reabilitação que pretendam partilhar as suas opiniões sobre determinados assuntos e também a todos os que o consultem com o intuito de ver esclarecidas algumas das suas dúvidas. É claro que, estando eu ligado ao desporto, procuro direccionar os temas para essa área, com a intenção de fornecer informação útil a todos os atletas que nos visitem. Tenciono no futuro criar um fórum, para tornar o processo mais interactivo e para que dessa forma seja mais fácil lançar temas e partilhar opiniões. Sempre na área da Reabilitação em geral, mas com um forte contributo para a vertente desportiva, nomeadamente nas áreas de prevenção de lesões, fortalecimento muscular, alimentação em alta competição e postura correcta na marcha. Posso desde já adiantar que o tema do mês de Fevereiro será relacionado com o desporto.

BG:Quer deixar uma mensagem para os Bairristas?

FV:Quero muito. Como Enfermeiro responsável pelo futsal da ADCBairros já sabem e conhecem perfeitamente a minha disponibilidade. Como Bairrista, como profissional, como amigo de todos, estou e estarei sempre à disposição. Habituei-me desde criança, acompanhando o meu Pai, a amar, a admirar, a aplaudir, a colaborar em iniciativas de qualquer âmbito. Aprendi muito cedo a sentir as alegrias dos sucessos, as tristezas daqueles que partiram e deixaram imensa saudade e, aqui sim, vou particularizar porque eram elementos ligados à ADCBairros e muito significativos para mim: avô Júlio, Tonito «Merru», Mário da Celeste e Padrinho Costinha. Fazem parte de mim, estive intimamente ligado a todos e tive a sorte de aprender a Vida com eles. Obrigado pelos seus exemplos e ensinamentos. A freguesia está-lhes grata.

Lanço um apelo para que todos os Bairristas contribuam no sucesso das suas colectividades, nomeadamente na ADCBairros, uma bandeira do nosso Concelho. Todos somos poucos para ajudar, independentemente das pessoas que estão à frente dos destinos das colectividades, que com virtudes e defeitos se sacrificam para o mesmo fim: Bairros em primeiro lugar.

Sou Bairrista a cem por cento, e sinto-me capaz de contribuir em qualquer aspecto para que Bairros seja e continue a ser respeitado.